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Símbolos na Decoração das Festas de Natal e de Ano Novo


O Natal é uma festa religiosa cristã que homenageia o nascimento do menino Jesus. Ela começou com o Papa Júlio I, substituindo uma festa pagã chamada Saturnália que acontecia entre os dias 17 e 25 de dezembro. Ele pensava que assim conseguiria fazer os pagãos aceitarem o cristianismo.
 
"No Natal, manifestamos a emoção íntima que nos desperta o nascimento mitológico de uma criança semidivina (...) sofremos a influência do simbolismo do renascimento. São remanescências de uma antiquíssima festa de solstício que exprime a esperança de que se renove a esmaecida paisagem de inverno do hemisfério norte. Apesar de nossa sofisticação, alegramo-nos com esta festa simbólica (...)." Carl G. Jung

A decoração de Natal é feita dias antes das festas de fim de ano, variando de pessoa para pessoa, e algumas só decoram na véspera de Natal, pois depende das possibilidades de cada um. Há, também, quem prefira colocar a imagem do menino Jesus na manjedoura somente à meia noite do dia 24.

As cores mais usadas nesta época são as tradicionais, ou seja, o branco, o verde, o vermelho e o dourado, mas há quem goste e use outras também.

Nesta postagem coloco algumas peças com as quais decorei a minha casa. São todas bem simples, mas fiz com muito carinho, paciência e sem muitos gastos procurando, contudo, harmonia e beleza. 

Anjo de boas vindas com pinhas estão na parte externa da porta de entrada.
 
O anjo anuncia à humanidade o nascimento de Jesus Cristo, o Salvador.

A pinha, no Oriente e no Ocidente, simboliza a vida e a fertilidade. Como símbolo é também um atributo do deus Romano Baco e um emblema de Júpiter, Vênus e Diana.  
 
 
 Guirlanda na parte interna da porta de entrada.
 
 As guirlandas são usadas como enfeite na entrada de residências, por ocasião do Natal, há muitos anos. Seus ramos verdes simbolizam esperança e vida. É a cor da trindade no Cristianismo. O círculo significa o self, a totalidade da psique.
 
 
"Não importa se o símbolo do círculo está presente na adoração primitiva do sol ou na religião moderna, em mitos ou em sonhos, nas mandalas desenhadas pelos monges do Tibete, nos planejamentos das cidades ou nos conceitos de esfera dos primeiros astrônomos, ele indica sempre o mais importante aspecto da vida__ sua extrema e integral totalização."
 

 
Sininho junto à chave, na parte interna da porta de entrada.

Os sinos transmitem pelos ares a alegria pelo nascimento do Salvador, que nos ajudará a chegar ao céu.

O azevinho, em Roma, era usado nas festas Saturnálias. Na tradição cristã, simboliza a coroa de espinhos, por causa das suas folhas pontiagudas e as bagas cor de sangue, e também a alegria do Natal.
 
 
 O Presépio coloquei sobre uma pequena estante, no hall de entrada.
Ele pertencia à minha querida irmã, por isso é ainda mais especial para mim.
 
O presépio representa o local humilde em que Jesus nasceu e onde Ele recebeu a visita dos três Reis Magos, Melchior, Baltazar e Gaspar, que lhe levaram de presente ouro, incenso e mirra, O ouro representa a realeza, Jesus é Rei, o incenso representa a fé __a fumaça dele é a oração que sobe ao céu__ e a mirra significa o martírio.
 

" Quanto mais detalhadamente se estuda a história do simbolismo e do seu papel na vida das diferentes culturas, mais nos damos conta de que há também um sentido de recriação nesses simbolismos."  Carl G. Jung
 

 
 A Árvore de Natal é bem pequena, por isso coloquei sobre uma mesinha.
Sob ela estão caixinhas de fósforos embrulhadas com papel de presente.
 
A árvore de Natal simboliza a vida, o Cristo como redentor do pecado original. Segundo alguns, a forma triangular do pinheiro representa a Santíssima Trindade, o reino de Deus, e sendo ele sempre verde simboliza a natureza, a esperança, a imortalidade. Na Bíblia existe o texto " Eu sou a árvore, e vós sois os ramos".

Há textos que dizem que foi na Alemanha que ela passou a ser enfeitada, e outros que o hábito de decorar uma sempre verde vem do período pré-cristão. Nas noites de 25 de dezembro a 6 de janeiro, as pessoas penduravam ramos verdes nas suas casas e acendiam velas para que os maus espíritos ficassem bem longe delas. Os enfeites nela pendurados representam as maçãs da árvore do Jardim do Éden.

A estrela simboliza a luz nas trevas e a sabedoria brilhando no meio da ignorância. Para alguns povos, ela representa os espíritos dos mortos que estão no céu.  

Fitas vermelhas representam o amor de Deus e o nosso amor pelo filho de Deus. A cor vermelha também representa a vida, o sangue derramado, a Paixão de Cristo. Os calendários cristãos assinalavam os dias santos ao vermelho.
 
Papai Noel é o personagem que dá presentes no dia de Natal, é inspirado no bispo São Nicolau, do século III, que dava presentes para as crianças, como fizeram também os três Reis Magos, para fazê-las felizes.

 
 
O Papai Noel, que toca música natalina e acende a luz da vela, coloquei sobre uma caixa de som. Ele também pertencia à minha irmã, por isso fará sempre parte da decoração de Natal da minha casa.
Junto dele estão as flores símbolo do Natal, que também eram da minha irmã, e anjinhos azuis, que eu mesma pintei.
 
As flores vermelhas, símbolo do Natal, são conhecidas como flor de papagaio ou flor de Natal, entre outros nomes.
 
 Os anjos são os mensageiros de Deus. A cor azul claro representa a tranquilidade e a compreensão.
 
 
Sobre a outra caixa de som coloquei uma vela na forma de um Boneco de Neve. 
Junto está uma luminária de lad que ganhei de uma tia querida num Natal, e um Papai Noel sentado num balanço com uma menina, que também ganhei de uma querida prima em um outro Natal.
 
As velas de Natal simbolizam Jesus que disse "Eu sou a luz do mundo. Quem anda comigo não anda nas trevas". A luminária representa o mesmo, lembrando-nos que devemos ser, também, a luz do mundo.  
  
 
 Na beirada da mesa de centro, coloquei os cartões de Natal que recebi de amigas muito queridas, então não poderiam deixar de fazer parte da decoração de Natal da minha casa. Estão juntos a um casal de velhinhos que ganhei da minha amada neta. Anos atrás eu recebia e enviava muitos cartões, mas hoje a maioria das mensagens vem pela internet.
 
 Os Cartões de Natal, com os votos de Boas Festas, mostram que as pessoas gostam de se comunicar, de compartilhar seus momentos felizes com seus semelhantes, amigos e até com aqueles que por algum tempo ficaram afastados, e através deles têm um bom motivo para se reconciliarem.
  
 
Esse pequenino Papai Noel com bolinhas, coloquei sobre o móvel da sala, e atrás dele um par de sinos.
 
O Papai Noel representa também o grande presente que recebemos de Deus, Jesus, que veio ao mundo para nos salvar.
 
As bolas significam os frutos da árvore viva que é Jesus. As boas ações dos que vivem em Jesus, são dons que Ele nos trouxe.
 
O par de sinos simboliza a mensagem espalhada pelo ar, que devemos nos alegrar com o nascimento de Jesus. 
 
 
Sobre a fruteira só adicionei uma flor dourada entre as frutas.
 
As frutas também são símbolos natalinos. As uvas representam longevidade e vida eterna. O figo significa imortalidade e conhecimento superior.
 
 
 
 Essas flores estão numa peça cor de rosa, no hall de entrada. Elas são aveludadas e têm alguns toques dourados.
 
As flores também são formas simbólicas de representarmos o Natal, assim como suas cores. Neste caso, o rosa salmão, representa harmonia e felicidade.

" o nascimento de Cristo, morte e renascimento seguem os padrões de mitos heróicos antigos__ uma estrutura baseada, originalmente nos ritos sazonais de fertilidade, como os que se celebravam há três mil anos em Stonehenge, na Inglaterra ao alvorecer, solstício de verão."  Carl G. Jung
 
 
Já na expectativa também do Ano Novo, eu não poderia deixar de enfeitar a casa com branco e dourado. Para recebe-lo bem num cachepot onde já estavam flores brancas, coloquei entre elas umas pétalas douradas.
 
O branco representa paz, a pureza e a perfeição, e está associado ao sagrado. 
O dourado simboliza a prosperidade.
 
 
 Na mesa de centro coloquei uma floreira com flores douradas, em diferentes tons e tamanhos.
    


A decoração de fim de ano fica, geralmente, até o dia 6 de janeiro, Dia dos Reis Magos, mas no Rio de Janeiro muitas pessoas deixam até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, o padroeiro da cidade.

Após as festas, guardarei tudo com muito cuidado para que possa usar outras vezes, mesmo que em nova composição.

Estas ocasiões merecem muitos enfeites, pois significam momentos de paz, alegria, fraternidade e generosidade, quando amigos e a família devem estar reunidos dando o exemplo às outras gerações, mantendo, assim, a tradição, capaz de proporcionar a união dos seres humanos, que são por si só seres simbólicos.

" O homem necessita de uma vida simbólica (...) Só a vida simbólica pode exprimir a necessidade do espírito."

Desejo a todos que me prestigiam com sua presença um Feliz 2014, com muita saúde, paz, prosperidade e amor.


Fonte:
Zero Hora
Canela Box
Dicionário dos Símbolos - Ed. José Olympio
O Natal e seus Símbolos - ed. Paulina
Livro: O Homem e seus Símbolos  - de Carl G. Jung. Ed. Nova Fronteira. 8a. Edição
O Livro Ilustrado dos Signos e Símbolos - Miranda Bruce -Mitford - Ed. Livros & Livros
  

Releituras do Museu do Oratório

Arte Sacra Brasileira


A criação do Museu do Oratório

Há alguns anos atrás, assisti a mineira e colecionadora Ângela Gutierrez falando numa entrevista na televisão que quando tinha 14 anos seu pai deu-lhe de presente um oratório feito com tronco de goiabeira contendo uma imagem pequena de Santana, e a partir de então começou a colecionar e pesquisar oratórios e a arte brasileira. Seu pai lhe ensinara que só através da arte o homem supera sua temporalidade e se perpetua plenamente.

A colecionadora e pesquisadora Ângela Gutierrez
 
Comentou também que lutou para conseguir um espaço onde expor sua coleção, a fim de torná-la acessível ao público.
Após dizer aos jornais que gostaria de fazer o museu, um frei lhe disse que tinha o local que ela precisava. Ela adorou o prédio, apesar da construção estar em péssimo estado. Era a Casa do Noviciado da Ordem Terceira do Carmo, que durante algum tempo foi moradia do artista Aleijadinho, o Antônio Francisco Lisboa.  Reformou todo o casarão __que não estava em condições de expor as obras__ e lá fez o Museu do Oratório, que lhe possibilitou resgatar o passado e preservar as raízes culturais do seu Estado e do seu país através da coleção de oratórios e imagens religiosas de diversas épocas e regiões do Brasil dos séculos XVIII, XIX e XX, homenageando assim o seu pai que amava a cultura brasileira, e doando-a ao Patrimônio Nacional.

" O mundo reverencia nossa cultura, então vamos cuidar, preservar nosso patrimônio."   Ângela Gutierrez

Visita ao Museu do Oratório


Museu do Oratório
Edificação Setecentista no centro das antiga Vila Rica

Numa das vezes que fui a Ouro Preto visitei, então, o Museu do Oratório.


Museu do Oratório
no Adro da Igreja do Carmo, 28 - Ouro Preto, Cento - Minas Gerais - Brasil
 

Eu visitando o Museu do Oratório


Fiquei encantada com os objetos artísticos e de devoção católica que lá estão expostos e que revelam a fé, os sentimentos, a maneira de ver, de pensar, de viver e de criar das pessoas de diferentes condições sociais do Brasil, tais como oratórios, esculturas, retábulos, santos, etc. E, claro, também com a beleza do lugar e da arquitetura, com o cuidado e a pesquisa feita por Ângela Gutierrez.

O primeiro oratório do museu é o da imagem de Santiago de Compostela.

Exposição do Museu do Oratório


Exposição do Museu do Oratório
 
Exposição do Museu do Oratório
 
A cena, acima, mostra que as pessoas que viviam nas fazendas brasileiras tinham capelas domiciliares, oratórios feitos por artífices onde anualmente padres iam rezar missas ou fazer alguma celebração (casamentos, batizados, etc.). Ele se tornou o lugar sagrado para guardar imagens de devoção (santos) e elementos afetivos (santinhos, medalhas, etc.) que eram abençoados por sacerdotes.
As pessoas com maior poder aquisitivo tinham oratórios com decoração mais elaborada, baseados nos eruditos, parecidos com armários cujas portas eram entalhadas, almofadadas e policromadas, ou seja, pintadas com várias cores.
 

Voltei feliz para o hotel onde eu estava hospedada, com uma fita de vídeo que adquiri no local e onde encomendei o livro Museu do Oratório, que estava em falta na ocasião.

Eu, no hotel, e a sacola do museu
 

Capa da fita de vídeo

 
O primeiro oratório do Brasil chegou com as caravelas, com N. S. da Boa Esperança, mas não foi encontrada só ficou o resgistro, segundo a colecionadora. 
 

Livro Museu do Oratório

Na minha residência, dias depois, recebi através do correio o livro Museu do Oratório__que encomendara__com uma bela encadernação e onde há imagens de ótima qualidade das obras lá encontradas.

Capa protetora do livro
 
Livro do Museu do Oratório

Marcador do livro
 

Aulas sobre o Museu do Oratório

De volta à escola, na minha cidade, planejei aulas para os meus alunos a partir dos conhecimentos que adquiri nesta viagem, a fim de repartir com eles a beleza que vi, e que eles também pudessem conhecer parte da bela coleção e a atitude de Ângela Gutierrez.

Iniciei com uma sensibilização, falando da viagem e mostrando fotos que tirei no local.

Eu fazendo a sensibilização com os alunos

Dei continuidade com a mostra do livro e do vídeo, com explicações sobre as imagens apresentadas. Os alunos observaram com muito interesse os objetos artísticos de diferentes estilos, formas, cores, materiais, épocas e lugares.

Oratório de salão - século XIX - Minas Gerais
 
Os oratórios de salão ficavam em espaços significativos, para uso particular e coletivo, e Imitavam as igrejas barrocas. Alguns eram mais simples e outros mais decorados, dependendo das condições financeiras das famílias, mas o que importava era o santo de devoção no seu interior. Tinham-no como um bem de família que passava de geração em geração.

 


Oratório ermida - Pernambuco - século XIX 
 
 
Oratório ermida - século XIX - Bahia
madeira recortada, entalhada e policromada, fatura popular, tendência classicizante
 
 
Oratório ermida - século XIX
madeira recortada, entalhada, resquícios de policromia, douramento
147 x 194 x 19,5 cm
 
Os oratórios ermida são capelas pequenas que ficavam dentro ou fora das moradias rurais. Depois tornaram-se retábulos para eventos e celebrações com párocos. Alguns ficavam nos chamados "quarto de santos." 
 

 
 

Oratório bala - século XIX - Minas Gerais
 
Os oratórios bala ficavam, de início, dentro de bala da cartucheira dos tropeiros. Os pequenos ficavam junto ao corpo e os grandes no lombo de burro protegendo o santo de devoção. Mais tarde passaram a ser uma opção estética erudita.
 
Oratório algibeira - século XIX - Minas Gerais
 
Os oratórios algibeira ficavam junto ao corpo, com um santo de cerca de 10 cm dentro de uma caixinha simples.
 
 
 
Oratório pingente - Diamantina - século XIX - Minas Gerais
 
Os oratórios pingente geralmente eram joias de mulheres.
 
 
Oratório de alcova - segunda metade do séc. XIX
madeira entalhada, pintura popular de influência barroca
Santa Mestra
51,5 x 39,5 x 17,5 cm (aberto) e 51,5 x 26 x 17,5 cm (fechado)
 
Os oratórios de alcova ficavam em ambientes mais íntimos, para uso particular.
 
 
 
Oratório Concha - séc. XVIII / XIX - Rio de Janeiro
conchas, folhagens, tecido, guirlanda de flores, madeira, pintura policromada e douramento
rococó inspirado em grutas e fontes, traços delicados
N.S. da Conceição
 
Os oratórios concha eram criados, provavelmente, pelo artista carioca Francisco Xavier dos Santos, chamado de Francisco Xavier das Conchas (1739-1804). Tinham traços finos. Algumas de suas obras estão no Outeiro da Glória.
 
 
 
Oratório Afro Brasileiro - séc. XIX
madeira, resquícios de policromia
Interpretação popular barroca de igrejas - Fatura popular negra com formas arquetípicas, fitomorfas e volutas
 
Os oratórios afro brasileiros, feitos pelos escravos, eram mais primitivos, mais simples, mais pesados, ricos em simbologias, com elementos do negro escravizado. Havia imagens, moedas, colares de candomblé, flores, orações e santos sendo os mais comuns a Virgem do Rosário, S. Cosme e Damião, Divino Espírito Santo, S. Jorge, S. Benedito, Santo Antônio, S. Sebastião, Santa Efigênia. Uns eram mais simples e outros mais elaborados, com temas geométricos, cosmológico e natureza. Alguns eram escavados em troncos de madeira, outros com objetos da senzala. Eram cópias do altar doméstico dos brancos para camuflar seu conteúdo místico, feito com orações, danças e feitiços africanos, revelando assim o sincretismo religioso.
 
  
Oratório de viagem ou itinerante - primeira metade do séc. XVIII - Minas Gerais
madeira recortada, entalhada e policromada, estilo nacional português, rústico, simétrico
concha barroca no arremate
36 X 26 x 11 cm
N. S. da Conceição
 
Os oratórios de viagem ou itinerante eram levados em viagem para proteção, junto ao corpo, no bolso ou no lombo do burro.
 
 
 
Oratório lapinha ou maquineta - século XIX - Minas Gerais
 
Os oratórios lapinha ou maquineta têm mais de um paramento, no alto fica representada a cena do calvário e embaixo a do presépio. São usados no Natal e na Paixão de Cristo. É chamado de lapinha, porque é feito com um mineral de Minas Gerais chamado lapas, de calcita. Eles imitam grutas.
 
  
Oratório de convento - século XX
papel, papelão, papel fantasia, estampa (santinho, flores), vidro, paetês e colagem
Influência portuguesa - gosto kitsch
 
Os oratórios de convento eram feitos por freiras, em convento, com Influência da tradição decorativa portuguesa de montagem de presépios. Eram vendidos para as ordens religiosas e iam para casa dos fiéis. 
 
 
Informações complementares
 
Para aprofundar um pouco mais o assunto, enriqueci a aula com informações sobre a cidade de Ouro Preto, a arquitetura da época de Aleijadinho, suas esculturas, a arte sacra e a Idade Média, quando, então, os reis oravam em frente aos oratórios, e que depois as capelas foram frequentadas por associações religiosas tendo em seguida as famílias mais ricas inspirado-se na corte para encomendarem o seu altar.
 
Participando das turmas alunos de diversas religiões, achei melhor explicar que o objetivo das aulas não é a religião, mas conhecer e fazer arte.
 
 
Igreja do Carmo - Ouro Preto - Minas Gerais - Brasil
 
Questionei sobre o que sabiam eles a respeito da chegada dos portugueses ao Brasil, e após ouvir suas respostas comentei que sendo católicos os nossos colonizadores, trouxeram relíquias, retábulos, santos da sua devoção, sua religião, enfim, a sua cultura. O povo do Brasil, de todas as camadas sociais e que era religioso, influenciado pela cultura lusa encomendava seus objetos de fé conforme suas posses, por isso mesmo eram diferentes das obras europeias, tanto no material quanto na fatura e nos elementos que delas fazem parte, ou seja, esteticamente não eram iguais.
 
Enquanto os alunos viam interessadamente as imagens, falei que muitos destes objetos brasileiros que foram encontrados pela colecionadora Ângela Gutierrez, em fazendas e nas cidades brasileiras, possuem__conforme a pesquisa feita por ela__ as influências do estilo barroco, rococó, neoclássico e africano, revelando os hábitos e as tradições do ciclo do ouro e dos diamantes, das contribuições dos negros, dos índios e dos portugueses na arquitetura, na pintura, no vestuário, nos costumes, na cultura do período em que foram criadas. Por isso, uns objetos são mais elaborados e outros mais simples.
 
Ex votos
 
Aproveitando o surgimento de comentários, curiosidade e dúvidas sobre ex votos, mostrei aos alunos algumas imagens através de gravuras. Expliquei-lhes que são objetos que representam partes do corpo com doenças ou curadas, como também imagem do rosto ou de algum desejo de quem fez o pedido ou uma promessa, e que os objetos podem ser confeccionados pela própria pessoa ou serem encomendados. São esculturas, pinturas, desenhos, fotografias, peças de roupas, fitas, mechas de cabelo, etc., e que este ato é de origem antiga, do mediterrâneo, e não têm objetivos artísticos.
 
Ex votos
 
 
Releituras dos oratórios
 
Para as atividades práticas, sugeri aos alunos que fizessem a releitura dos oratórios e, caso desejassem, a representação de algum desejo realizado através da fé de cada um deles, como acontece com os ex votos.
 
Alunos da 3a. série iniciando os trabalhos.
 
 
Disponibilizei aos alunos diversos materiais para que escolhessem os que melhor lhes conviessem: tesoura, cola, tintas, pincéis, diversos tipos de papel (crepom, ofício, cartolina, vegetal, celofane, papelão, papel laminado), argila, plastilina e sucata (caixas, galões, fitas, lantejoulas, isopor, bolas de plástico, garrafa pet e etc.) 
 
 
 
Releitura de oratório afro brasileiro - de aluno da 6a. série
caixas de papelão, galões dourados e verdes, isopor, tinta dourada, tinta guache e gravura
recorte, colagem e pintura
 
 
Releitura de oratório lapinha - de aluna da 6a. série
caixa de papelão, cartolina, gravuras, galão dourado, lantejoula e tinta prateada
recorte, colagem e pintura
 
 
Releitura de altar - de aluno da 5a. série
caixas de papelão, galões dourados, lantejoulas, isopor, papel crepom
recorte e colagem
 
 
Releitura de oratório bala - de aluno da 5a. série
garrafa pet, papel crepom, galões dourados, argila e tinta guache
recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
Releitura de oratório algibeira - de aluna da 3a. série
garrafa pet, papel crepom, galões dourados, argila e plástico
recorte, colagem e modelagem
 
 
Releitura de oratório ermida - de aluno da 6a. série
caixa de papelão, papel celofane, garrafa pet, plástico, argila e tinta guache
recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
Releitura de oratório de alcova - de aluno da 5a. série
papelão, tinta guache, galão prateado, vermelho e verde, lantejoulas, argila, plástico e tinta guache
recorte, colagem, pintura e modelagem

 
 Releitura de oratório de viagem -  de aluno da 5a. série
papelão, plástico prateado, tinta guache, tinta prateada, argila e tecido
recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
Releitura de oratório afro brasileiro - de aluno da 3a. série
caixa de papelão, plástico, galões dourados e prateados, papel de bala laminado, isopor, tintas guache e argila
recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
 
Leitura de oratório de viagem - de aluno da 3a. série
papelão, galão dourado, argila e tinta guache
recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
Releitura de oratório ermida e ex voto - de aluno da 3a. série
isopor, tinta guache, papel prateado, lantejoulas e argila
recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
 Releitura de oratório de viagem e ex voto - de aluno da 3a. série
caixa de papelão, papel prateado, argila, tinta guache, plástico prateado, plástico colorido
 e papel laminado recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
Releitura de oratório de viagem e ex voto - de aluno da 3a. série
caixas de papelão, argila, tinta guache e tinta prateada
recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
Releitura de oratório de viagem e ex-voto - de aluno da 3a. série
papelão, papel, argila, tinta guache, tinta prateada e plástico prateado
recorte, colagem, pintura, desenho e modelagem
 
 
 
Releitura de oratório afro brasileiro e ex voto - de aluno da 3a. série
caixa de papelão, galões prateados, tinta, argila e lantejoula
recorte, colagem, pintura e modelagem
 
 
Ao terminarem os objetos, cada aluno comentou o seu processo. Os que criaram ex votos falaram sobre as promessas e a graças alcançadas através da sua fé religiosa, para si próprio ou para familiares. Surgiram histórias muito interessantes sobre a família deles, viagens que fizeram, etc.
 
 
Exposição dos oratórios e ex votos
 
Os alunos que criaram ex votos colocaram-no ao lado do seu oratório.
 
  Exposição da Releitura de oratórios, sobre altar - alunos de diferentes séries
 
 
Exposição da Releitura de oratórios e ex votos - de alunos de diferentes séries
 
 
Exposição da Releitura de oratórios e ex votos -  de alunos de diferentes séries
 
 
Exposição da Releitura de oratórios - de alunos de diferentes série
 
 
Com estas atividades os meus alunos puderam conhecer as obras artísticas do Museu do Oratório, saber um pouco dos costumes brasileiros e dos estrangeiros que vieram para o Brasil, trabalhando, assim, a sua identidade, o eu, o outro e o seu espaço, através do imaginário, do fruir e do fazer arte.
 
 
Nota: Os trabalhos dos alunos desta postagem não são recentes.
 
 
Fontes:  Livro e fita de vídeo do Museu do Oratório, e imagens do Google.