Total de visualizações de página

A linguagem do sensível na escola

A Arte na escola

A disciplina Arte nas escolas deve desenvolver a percepção, a criatividade, a habilidade, a socialização, a espontaneidade, de forma lúdica e significativa para o aluno, ou seja, com uma atividade de criação, tendo como resultado um trabalho próprio. Através da atividade lúdica, do brincar __que é a linguagem da criança__ela se expressa, se conhece e se reconhece no resultado da atividade.

Mas é necessário também que haja reflexão, que desenvolva o seu senso crítico, que o aluno perceba a Arte como uma linguagem capaz de influenciar a sociedade e ser influenciada por ela, um elemento transformador da sociedade, como no exemplo abaixo.

Obra de Henri Matisse influenciando a moda
 
Então, o aluno deve, além de produzir, fruir a Arte, conhecer obras e artistas de várias épocas e locais. Reflexão, produção e fruição é o que propõe a metodologia triangular da arte-educadora Ana Mae Barbosa, metodologia que faz parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

O objetivo da Arte na escola não é transformar o aluno num artista, mas desenvolver os seus sentidos, alfabetizá-lo nas linguagens artísticas, possibilitar que ele conheça os elementos da linguagem e as suas modalidades. Ela é um instrumento pedagógico, serve para educar, para refinar o ser, através do sensível, dos sígnos, dos símbolos da Arte.

Nas Artes Visuais, por exemplo, o aluno deve ter noções de cor, a partir das cores primárias, secundárias, terciárias, complementares, frias, quentes, neutras, etc.

Abaixo estão exemplos da produção de meus alunos, cujo conteúdo são alguns elementos da linguagem: cor e forma

Cores Primárias: amarelo, azul cyan e magenta

A primeira atividade possibilitou uma experiência com dobradura, com as características dos materiais, ou seja,
a transparência do papel celofane e a opacidade do suporte__ o papel ofício__, e com forma, através do desenho criado pelo próprio aluno. 


Cor Primária Amarela -  Hélida -  aluna da 6a. série


Cor Primária Azul cyan - Hélida - aluna da 6a. série
 
Cor Primária Magenta - Aigan - aluno da 6a. série 
 

Cores Secundárias: verde, laranja, roxo

A segunda atividade possibilitou a experiência com dobradura, recorte de papel ofício, colagem de fragmentos de papel celofane, a característica dos materiais__transparência, opacidade__e com a forma através da criação de desenho do próprio aluno.


Cor Seciundária: verde - Edicley - aluno da 6a. série
Cores Primárias: amarela e cyan = secundária: verde

Cor secundária: roxo
Cores primárias: magenta e azul cyan = cor secundária roxo 
 
Cores Secundárias: roxo, verde e laranja
Cores Primárias: azul cyan e magenta = roxo
                              azul cyan e amarelo = verde
                               amarelo e magenta = laranja
  

A próxima atividade possibilitou a criação de outras composições com as cores, os materiais e os procedimentos antes experimentados, e a criação de formas próprias dos alunos.

de aluno
Composição com duas cores primárias
 
de aluno
Composição simétrica com tres cores primárias
 
Emerson Luiz - aluno da 6a. série
Composição simétrica com tres cores primárias
 
Célia Maria - aluna
Composição com cores frias e quentes
 
Regiane - aluna
Composição de forma simétrica, com tres cores primárias
 

de aluno
Composição com cores frias
 


Edileuza - aluna da 6a. série
Composição simétrica com tres cores primárias
 
Os trabalhos abaixo possibilitaram também o uso de outros materiais, ou seja, tinta guache preta para pintar outro tipo de papel, o canson. 
 


 de aluno
Composição de forma simétrica, com tres cores primárias
 

de aluno
Composição de forma simétrica, com tres cores primárias
 
de aluno
Composição de forma simétrica, com cores primárias e terciárias
 
Mariane - aluna
Composição com forma simétrica, com cores primárias e secundárias
 
aluno
Composição de forma simétrica, com cores primárias e terciárias

de aluno
Composição em forma radial, de rosácea

de aluno
Composição em forma radial, de rosácea
 
de aluno
Composição em forma radial, de rosácea

 Após a exposição dos trabalhos, os alunos puderam comentar, fazer uma reflexão sobre os tipos das formas criadas__ figurativas, geométricas, simétricas, assimétricas, tipos de linhas, cores, os materiais com transparência e os com opacidade.
 
Depois também puderam perceber o efeito da luz e os elementos trabalhados anteriormente na fruição de obras de arte como os vitrais das obras arquitetônicas de diferentes épocas, lugares e artistas, como por exemplo: 
  
 Vitrais em azul, amarelo e verde, de Henri Matisse
na Capelado Rosário, em Vence, França - 1952
 
Vitrais de Beatriz Milhazes
na Pinacoteca de São Paulo, Brasil
 
Vitral de Chartre, Paris - França
 
Vitral de Tiffany
 
 
Agora você também pode fazer as suas experiências com cor, transparência, opacidade e forma.
 
 
Fonte: Imagens do Google
 
 
Nota: Os trabalhos de alunos desta postagem não são recentes.
 
 
 







Matisse - da pintura à colagem

Matisse foi um dos maiores artistas da cor, do século XX

Henri-Émile Matisse nasceu na França, em Cateau Cambrèsis, em 31 de dezembro de 1869.

Ele estudou direito em Paris em 1887 e depois de se formar foi administrador do tribunal da sua cidade.

A pintura de Matisse

Matisse começou a pintar em 1889 fazendo cópias, quando precisou repousar após uma crise de apendicite, ao ganhar material artístico de sua mãe. Deixou, então suas atividades profissionais, o que muito desgostou seu pai, para em 1892, voltando a Paris, ingressar na escola de arte da Academia Julian. Em 1892, fez concurso par a Escola de Belas Artes, mas não passou. Então estudou em ateliês, fez cópias no Museu do Louvre e fez modelos vivos. Em 1894 ingressou no ateliê de Gustave Moureau, que pintava experimentando em esboços, de forma livre e incentivava os alunos a questionarem as obras dele, a observarem as do Museu do Louvre, dar suas opiniões sobre elas, e praticarem a sua independência. Ele percebeu que Matisse tinha a capacidade de simplificar traços e volumes da pintura.
Em 1895, Matisse recebeu seu diploma de desenho.


 Maison fenouil - Henri Matisse - 1898
óleo s/ cartão - 24.5 x 36 cm

"Com ele (Gustave Moreau) cada um de nós podia adquirir a técnica que correspondesse ao próprio temperamento".  (Matisse)

Matisse pintava natureza morta e paisagens flamengas. Em 1897, interessado pelo Impressionismo, estudou com John Peter Russel com quem conheceu a teoria da cor. Começou a pintar ao ar livre, manteve contato com Auguste Rodin e Camille Pissarro. Ele pesquisou várias técnicas e materiais. Além do desenho e da pintura, trabalhou com litografia, gravura, escultura, ilustração e cerâmica. De 1899 a 1905 ele estudou Pontilhismo e também estudou com Turner, em Londres.

Neste ano participou do Salão de Outono, em Paris, com Maurice Vlamink, André Derain, Dufy e Rouault, que também procuravam os efeitos da cor pura e, por isso, pintavam com cores fortes, traços expressivos, interpretando de forma muito livre a natureza, sem perspectiva ao criar  profundidade, exagerando no desenho__ diferentemente dos impressionistas que, segundo eles, usavam cores monótonas e mantinham certas regras. Pintavam parecidos com van Gogh e Paul Gauguin, por isso não foram aceitos pela crítica sendo chamados pejorativamente por ela de fauves (bestas, feras).


Luxe, calme e volupté - Henri Matisse - 1904

A  tela "Luxe, calme e volupté" é pontilhista, mas com interpretação livre. Há nela uma atmosfera lírica. A tela provocou comentários quando exposta no Salão dos Independentes, mas o talento de Matisse foi reconhecido pela crítica e Signac adquiriu a tela.

"Diante desse quadro compreendi todos os novos princípios; o impressionismo perdeu para mim todo o encanto, ao contemplar esse milagre da imaginação produzido pelo desenho e pela cor." Raoul Dufy

A pintura fauve utiliza mais as paisagens, os tons puros, uma composição com cenas que ultrapassam limites do espaço pictórico, sem detalhes e sem algumas figuras. Era um método experimental, que teve início com o Impressionsimo. Segundo o poeta Apollinaire, o fauvismo foi um "espécie de introdução ao cubismo". 

A partir daí Matisse, ficando mais conhecido, passou a vender seus quadros, a viajar e suas obras sofreram influências como a da arte oriental. Começou a fazer experimentações, abandonou os efeitos tridimensionais, preferindo uma forma mais plana, nítida e a cor pura.
 
Na tela "Madame Matisse" ou "Retrato com lista verde", a cor naturalista foi abandonada. As sombras foram feitas com cores frias de um lado e quentes do outro, e a impressão de drama artístico é dado com pinceladas perceptíveis.

Madame Matisse - 1905
40.5 cm x 32.5 cm

A tela "Joie de Vivre", segundo os estudiosos, é bem superior à obra de 1905, vai além da pintura fauve, devido aos anos de estudo e experimentações de Matisse. Ela mantém ordem e precisão, as formas expressam tranquilidade, e nada é demais nem ao acaso.

Joie de Vivre - Henri Matisse - 1906  

 "O que eu busco, acima de tudo, é expressão... A expressão, no meu modo de pensar, não consiste na paixão espelhada num rosto humano ou denunciada por um gesto violento. Toda a disposição de minha pintura é expressiva (...), tudo desempenha um papel. (...) Tudo que não é útil num quadro é prejudicial. Uma obra de arte deve ser harmoniosa em sua totalidade, pois os detalhes supérfluos, na mente do espectador, usurpariam os elementos essenciais." Henri Matisse 
 
A tela "A dança" foi encomenda por seu patrono Sergei para colocá-la no Palácio Trubetsay, em Moscou. Ele  queria que as bailarinas tivessem vestidas, mas Matisse não concordou. As formas da composição são simplificadas, distorcidas, as linhas são diagonais, rítmicas ligando todas as partes da composição, os contornos são sinuosos, as cores usadas são somente tres, expressando movimento, captando o olhar do espectador e criando impacto. A obra, segundo estudiosos, mostra ao mesmo tempo vigor e leveza, e as características fundamentais do movimento Fovismo, que foi um processo de experimentação possibilitado pelos pós-impressionistas.
 


 A dança - Henri Matisse - 1910
óleo s/ tela - 2.60m x 3.91m


Em 1914 seus trabalhos passaram a ser mais sofisticados. Em 1917, em Nice e Vence, na Riviera francesa, chegam ao máximo as suas cores brilhantes, a luz pura, quente e pinta a figura da odalisca bem sensual.

 Odalisca de calça vermelha - Henri Matisse

Em 1930, Matisse vai para o Tahiti. Em 1936, as lembranças desta viagem à Oceania, aparecem na tela "Fenêtre a Tahiti".

 Fenêtre a Tahiti - Henri Matisse - 1936

Matisse refletia sobre questões pictóricas, como a cor e o espaço. Seu processo não era espontâneo, mas sim complexo, embora com muita simplicidade. Ele pintava, fotografava e repintava, sempre observando as transformações, a evolução da obra. Seu objetivo era a expressão, queria exprimir sensações, e não fazer um trabalho decorativo, embora defendesse o decorativo como uma qualidade essencial de uma obra de arte, já que toda pintura de qualidade leva em conta as relações dos elementos da linguagem no espaço pictórico, como acontece em suas obras. 

 


 Petite Pianiste, robe bleue, fond rouge - Henri Matisse - 1924
óleo s/ tela



A colagem de Matisse

Em 1941, Matisse, estava com câncer, por isso teve que permanecer numa cadeira de rodas num quarto com plantas e pássaros e parar de pintar. Como já usava, desde 1931, a tesoura quando estudava uma pintura, passou a fazer a colagem como obra de arte. Seus assistentes pintavam panos e papel com as cores que ele preparava, depois ele recortava as figuras esquematizadas. Ele chamava as colagens de "guaches découpés".

Na obra "Les Bêtes de la Mer", Matisse usou símbolos do oceano.
Les Bêtes de la Mer - Henri Matisse

O Palhaço - Henri Matisse - 1943
 
 
 Jazz - Henri Matisse - 1947
 
  O Cavalo, a amazonas e o palhaço - 1947
 
 
Danseuse Créole - Henri Matisse - 1951
 
 
Nu Azul - 1952
 
 
 A Tristeza do Rei - Henri Matisse - 1952

"...o meu prazer pelo recorte aumenta a cada dia que passa! Por que é que não pensei nisto antes? Cada vez me convenço mais que com um simples recorte se pode expressar as mesmas coisas do que o desenho e a pintura..." Henri Matisse
 
Sua última obra foram os vitrais azulados da Capela do Rosário.

Vitrais da Capela do Rosário, em Vence - França - 1952



"Matisse quiz que a luz penetrasse como a luz de Deus penetra no coração de cada pessoa." Irmã Myriam
 
 
Vitrais - Henri Matisse - 1952

 
E também os murais da capela, com finos traços pretos sobre azulejos brancos.

Mural na capela do Rosário, em Vence - Henri Matisse - 1952
 
"Sonho com uma arte de equilíbrio, de pureza, de tranquilidade (...) um calmante mental, algo como uma boa poltrona onde se possa relaxar do cansaço físico."
Henri Matisse
 
Esta obra de Matisse foi feita numa pequena capela na cidade de Vence, na França, que ele considerou ter conseguido nela a plenitude da simplicidade, a sua obra prima.

"Meu papel é apaziguar. Porque de minha parte, eu também preciso de apaziguamento." Henri Matisse

Capela do Rosário

"Quando se entra na capela, é-se impelido para o vitral da árvore da vida." Irmã Myriam

A arte moderna de Matisse na capela não foi logo aceita, havendo alguns insultos e algumas manifestações contra ela, segundo as irmãs do local.


Para estudiosos da arte, Henri Matisse inovou libertando a cor do seu carater naturalista.

"Quando pinto verde, não significa dizer grama; quando pinto azul não quer dizer céu." Matisse

 Matisse foi o principal rival de Picasso __ a quem admirava e por quem era admirado.

"Ninguém nunca olhou tão atentamente para meu trabalho quanto Picasso, nem tão atentamente ao trabalho dele, como eu."  Matisse

Ele trabalhou com colagem até o fim da vida. Faleceu em 03 de novembro de 1954.

O Fauvismo foi um processo de experimentação possibilitado pelos pós-impressionistas, processo esse que levou ao Cubismo, que questionava a representação dos objetos e a nossa forma de ver os objetos.

A cor, a linha, o espaço e os arabescos de Matisse ainda são explorados por artistas, como por exemplo Beatriz Milhazes que diz ser a cor a sua questão e Matisse um dos artistas que a influenciou.

 Obra de Beatriz Milhazes - pintura acrílica


 

 Vitrais da Pinacoteca de São Paulo - Beatriz Milhazes

 Metrô de Londres - Beatriz Milhazes

Que tal agora, fazer umas experimentações com colagem?
Bom trabalho!


Nota: A fonte das postagens você encontra na lateral da página em: Li e Recomendo.