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Desenho - com Germano Blum

Nesta primeira postagem pretendo dar algumas informações sobre minhas primeiras experiências com a arte e os meus primeiros contatos com artistas.


"uma vida não basta ser vivida, também precisa ser sonhada. " (Mário Quintana)


Iniciei meus estudos de arte com Germano Blum, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Ele era um ótimo professor e um artista plástico de renome, com vários prêmios importantes no cenário artístico brasileiro. Dizia durante as aulas, com o seu jeito simples de ser, que nasceu em Recife, Pernambuco, que viveu a infância em Alagoas e Bahia , cresceu nos subúrbios do Rio de Janeiro, onde passou a viver e a frequentar a Escola de Belas Artes. Também falava das suas viagens ao exterior: Turquia, Bulgária, Alemanha Federal e Praga, na Tchecoeslováquia, onde foi bolsista da Alta Escola de Artes Industriais, em 1967. Sempre falava das suas atividades com muita empolgação. Era muito atencioso, tranquilo e lembrava constantemente aos alunos sobre a importância das visitas às exposições e galerias de arte. Aconselhava a todos que andassem pelo Rio de Janeiro, que não ficassem restritos à zona sul, onde morava a maioria deles, mas também pela zona norte e o centro da cidade para conhecê-lo melhor. Suas aulas eram alegres, estimulantes e muito ricas. Comentava sobre as diferentes modalidades das artes visuais: desenho, pintura, arquitetura, etc. Sugeria alguns temas para trabalhos, outros deixava livres, através da observação, da memória ou da imaginação. Quando havia algum evento artístico no qual estivesse presente, convidava os alunos para irem também. Um dos quais participei foi no auditório do Palácio Gustavo Capanema, após a restauração do painel de Portinari. Nas suas propostas de trabalho usava-se vários materiais: lápis,carvão, sanguínea, nanquim, hidrocor, etc. assim como foram explorados diferentes elementos: linha, luz, sombra, textura, volume, valores tonais, também cores, composição e perspectivas.


" O artista: nem servidor submisso, nem mestre absoluto, mas simplesmente intermediário. " (Paul Klee)


Alguns dos meus primeiros trabalhos:

"Minha Mão Esquerda", 1974 - Leíse Paim
grafite s/ papel - 29.5 x 42 cm
Desenho de Observação


" A arte é um produto do trabalho humano, da imaginação e do fazer, da mente e da mão. "




"Minha Mão e a do Meu Filho Rennan com seis anos", 1974 - Leíse Paim
grafite s/ papel - 29.5 x 42 cm
Desenho de Observação

Nestes trabalhos os elementos plásticos que elegi partiram do meu esquema corporal e da relação dele com o esquema corporal do meu filho, envolvendo desta forma experiências sensoriais, afetivas e intelectivas.


" Mas como é difícil dar vida e movimento a tudo isso. " (Vincent van Gogh)


Linha de Contorno


"O Rapaz Carioca, de Pé", 1974 - Leíse Paim  
grafite s/ papel42 x 29.5 cm
Desenho de Observação - Modelo Vivo


No desenho acima observa-se que o elemento visual trabalhado é o contorno da figura, ou seja, a linha percebida do seu limite.
Para desenhar a figura humana analisa-se as suas partes, que devem estar na proporção, e capta-se também o seu movimento. Não é preciso se ficar preso a detalhes mas sim na relação da parte com o todo.


"Uma única linha poder representar um ser vivo é coisa muito séria e misteriosa. Não só a imagem mas sobretudo o que ela realmente é. Que maravilha! Não é mais surpreendente do que todos os truques de mágica e todas as coincidências do mundo? " (Picasso)


Sombras


"O Boneco de Madeira II", 1974
grafite s/ papel
42 x 29.5 cm
Desenho de Observação


Neste trabalho pude explorar a forma corporal, através do contorno de suas diferentes partes e ampliar as experiências utilizando as sombras nelas percebidas, através de um objeto tridimensional semelhante à forma humana. O claro e escuro, a luz e a sombra, dão volume ao desenho.

" A figura humana é o elemento comum que cola as páginas da História. São pretextos para pensarmos o desenho. São pretextos para recuperarmos o sentido do humano. " (Edith Derdyk)




"Objetos para Licor", 1974 - Leíse Paim
grafite s/ papel42 x 29.5 cm
Desenho de Observação


 "Objetos para Perfume ", 1974 - Leíse Paim
 grafite s/papel
42 x 29.5 cm
Desenho de Observação

Nestes trabalhos foram aplicadas relações de tamanho, quantidade e posição, explorando efeitos de profundidade, volume e transparência, através da linha, da luz e da sombra em objetos tridimensionais.


"em arte o saber consiste no fazer." (Suzana Langer)




"Real e Imaginário", 1974 - Leíse Paim
nanquim s/ papel canson
33 x 25 cm
Desenho de Observação e Criação


A observação de real serviu para que eu criasse um desenho com diversos tipos de linhas que não existiam nos objetos.


"Não existem linhas na natureza: muito do fascínio do desenho é o alto nível de abstração e a capacidade de transmitir grande quantidade de informação com um mínimo de recurso. " (Picasso)


"Realidade e Fantasia", 1974 - Leíse Paim
 guache s/ papel canson25 x 33 cm
Pintura de Observação e Criação

Também neste trabalho utilizei elementos que identifiquei sensorialmente no espaço para criar ordenações próprias, através da imaginação e da fantasia, explorando diferentes tipos de formas (orgânicas, geométricas), posições (vertical, inclinada), cor e seus efeitos, de acordo com a densidade das tintas (rala, espessa, transparente, opaca).


Veja outros trabalhos em:
http://lpaim.blogspot.com/


" Criar é um dos atributos mais preciosos da pessoa humana, equivale a viver intensamente. " (Mahylda Bessa)


Perspectiva


Casa em Perspectiva a Mão Livre ", 1974
Leíse Paim, grafite s/ papel
29.5 x 42 cm

As linhas da perspectiva é um outro recurso para a representação realista de uma figura. E elas são essenciais para os desenhos dos arquitetos e de quem faz projetos de interiores.

Observa-se no desenho acima que a perspectiva tem dois Pontos de Fuga, ou seja, para onde as linhas paralelas do mundo real se encontram no desenho.

Com os pontos de fuga, as texturas, a luz e a sombra se obtem profundidade no desenho, ou seja, os objetos parecem diminuir de tamanho à medida que se afastam do olhar do observador.

No desenho a mão livre não se usa régua, o traço deve ser artesanal e o olhar deve orientar a mão até o Ponto de Fuga.

Trabalhos de outra aluna de Germano Blum



"Rosto de Mulher" e "Mulheres", 1974 - Elenice
 nanquim s/ papel canson
42 x 29.5 cm ambos


"Cada desenho é particular na sua maneira de comunicar (...) mas sempre universal, por se tratar do homem: denominador comum
de todos os tempos. (Edith Derdyk)


Através do Desenho de Observação podemos fazer uma avaliação dos objetos representados, compreendê-los, aprendermos e de termos mais contato com o nosso meio ambiente, percebendo neles os elementos visuais básicos da sua estrutura: o ponto, a linha, a cor, o tom, a textura, a dimensão, a escala, a proporção, a direção, o movimento, o círculo, o quadrado, o triângulo, os contrastes, o rítmo, etc.


Enquadramento
Para alguns desenhos acima escolhi o enquadramento no formato retrato, ou seja, o papel ficou na posição vertical, como por exemplo no trabalho "Real e Imaginário".

Para outros desenhos escolhi o formato paisagem, ou seja, o papel ficou na posição horizontal, como por exemplo no trabalho "Realidade e Fantasia".

Final do Curso

No curso de Germano Blum pude descobrir uma nova maneira de ver o mundo, e de começar a criar um novo, através da realidade, da imaginação, da fantasia, da arte.


"O homem só ensina bem o que para ele tem poesia." (Rabindranath Tagore)

No final do curso Germano Blum me sugeriu fazer a Escolinha de Arte do Brasil, porque, segundo ele, eu tinha um bom traço, um traço limpo, e deveria, então, continuar com desenho artístico após o curso Projeto de Interiores, que eu iniciaria após o dele.

A seguir um vídeo do Youtube sobre Desenho de Observação e Enquadramento






Nota: Os trabalhos desta postagem não são recentes.


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Um comentário:

  1. Esses trabalhos foram propostas do professor Germano Blum e outros feitos em casa a partir do que aprendi durante as aulas.

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