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Alfabetismo Visual / O Ponto

"Para se romper com as regras como os mestres é preciso reconhecê-las."

Sabemos que as primeiras experiências de uma criança tem início através dos cinco sentidos: o tato, o olfato, a audição, o paladar e a visão.

Nas Artes Visuais o sentido da Visão é muito importante.

A VISÃO
A visão aumenta os outros sentidos. Ela pode servir como meio de comunicação entre os homens, principalmente na nossa época quando a imagem é muito forte e constante na nossa vida. É preciso, então, educar o olhar, a compreender as imagens que vemos, a entender uma mensagem visual e também criá-la.

A visão permite ao ser humano receber muitas informações rapidamente e a visualizar coisas, criar imagens, símbolos que levaram ao alfabeto, à linguagem escrita. Para nós lermos e escrevermos é preciso primeiro aprender o alfabeto, depois juntar as letras, as palavras e as frases. É necessário, então __ para dominar a escrita e a leitura __ começar pelo básico da linguagem verbal. Para dominá-la, ainda crianças vamos à escolas onde método próprio é usado com este objetivo.

Mas o que se faz para sermos alfabetizados visualmente?

Escreveu Donis A. Dondis a respeito disto:

" Se a invenção do tipo móvel criou o imperativo de um alfabetismo verbal universal, sem dúvida a invenção da câmera e de todas as suas formas paralelas, que não cessam de desenvolver, criou por sua vez o imperativo do alfabetismo visual universal, uma necessidade que há muito tempo se faz sentir. O cinema, a televisão e os computadores visuais são extensões modernas de um desenhar e de um fazer que têm sido, historicamente, uma capacidade natural de todo ser humano, e que agora parece ter-se apartado da experiência do homem."

" A visão é natural, criar e compreender mensagens visuais é natural até certo ponto, mas a eficácia em ambos os níveis só pode ser alcançada através do estudo."

"grande parte da comunicação visual foi deixada ao sabor da intuição e do acaso."

"essa é uma esfera em que o sistema educacional se move com lentidão monolítica, persistindo ainda uma ênfase no modo verbal, que exclui o restante da sensibilidade humana, e pouco ou nada se preocupando com o caráter esmagadoramente visual da experiência de aprendizagem da criança. "

" O exame dos sistemas de educação revela que o desenvolvimento de métodos construtivos de aprendizagem visual são ignorados, a não ser no caso de alunos especialmente interessados e talentosos."


" Devemos buscar o alfabetismo visual em muitos lugares e de muitas maneiras, nos métodos de treinamento de artistas, na formação técnica de artesãos, na teoria psicológica, na natureza e no funcionamento físiológico do próprio organismo humano."

"A sintaxe visual existe. Há linhas gerais para a criação de composições. Há elementos básicos que podem ser aprendidos e
compreendidos por todos os estudiosos dos meios de comunicação visual, sejam eles artistas ou não, e que podem ser usadas, em conjunto com técnicas manipulativas, para a criação de mensagens visuais claras. (...) a uma melhor compreensão das mensagens visuais."

"A sintaxe visual existe, e sua característica dominante é a complexidade."


"O alfabetismo visual jamais poderá ser um sistema tão lógico e preciso quanto a linguagem."

"Na verdade, a expressão visual é o produto de uma inteligência extremamente complexa, da qual temos, infelizmente, um conhecimento muito reduzido. O que vemos é uma parte fundamental do que sabemos (...)."

E diz Ernst Fischer:
"Quanto mais o homem acumula experiência, quanto mais aprende a conhecer as diferentes coisas em seus diferentes aspectos, tanto mais rica precisa tornar-se a sua linguagem."

Hoje, a linguagem artística é quase incomprensível porque as formas são herméticas, são subjetivas. Além do mais, sempre que há uma ruptura na arte o público estranha, e portanto, há críticas e não aceita de imediato. Foi assim com os pintores do século XIX, como o movimento do Impressionismo. Os contornos das figuras e objetos não eram nítidos e por isso não eram eles bem definidos, causando um estranhamento. O mesmo aconteceu com os movimentos como o Cubismo, o Dadaísmo, o Expressionismo Abstrato e outros.

A artista Fayga Ostrower comentou sobre isto em livros que li e palestras em que estive presente, falando que a arte é a lingua materna dos seres humanos, que todas as crianças saudáveis cantam, pintam, dançam. Que estas suas primeiras manifestações simbólicas, que são linguagens expressivas, usadas com toda a espontaneidade, descobertas intuitivamente por elas, e que são mundos de conhecimento e experiências explorados com alegria quando podem, não são de interesse da sociedade de consumo. Que os dotes sensíveis das pessoas não sendo relevantes para a nossa cultura vão sendo ignorados, e por isto quando a criança entra na escola essas "brincadeiras" vão dando lugar às "coisas sérias", levando alguns jovens ou adultos que salvam seu potencial de sensibilidade a ter que reaprender como se nunca tivesse vivenciado maneiras de se expressar através da arte.

É neste caso que a pessoa tem que rever os elementos da linguagem visual para se expressar artisticamente, como fazem os artistas das artes visuais, que usam o ponto, a linha, a forma, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala, o movimento, etc. Com eles é que vão dar estrutura à sua obra. E para entendê-la é preciso conhecer as qualidades específicas destes elementos.

"de que modo a criança, tal como o cientista chega a dominar na consciência as técnicas, raciocínios e procedimenos que utiliza para pensar e agir sobre os objetos" (Piaget)

Emília Ferreiro, a partir das teorias de Piaget, revolucionou o método de alfabetização mudando a questão "Como se deve ensinar a ler e escrever" para "Como se aprende a ler e escrever", focando o processo e não o produto final. Segundo ela as crianças agregam letras duranto o seu processo de alfabetização e não "comem letras" conforme geralmente se diz. É preciso, então, o professor reconhecer o conhecimento que o aluno já possui para levá-lo ao que ele precisa ainda conhecer. A escrita faz parte do universo da criança desde muito cedo, através dos livros infantis, de gibis e de outras mídias, consequentemente ela inicia o seu processo de alfabetização muito antes de entrar na escola.

" a escrita é importante na escola pelo fato de que é importante fora dela."

É através da prática da leitura, de eventos de letramento que a escrita vai se desenvolvendo e fazendo sentido para o aprendiz, ou seja, ele aprende fazendo. O mesmo se pode dizer em relação à alfabetização visual.

"muitos não leeem livros porque não sabem ler. Não sabem ler, porque não leem livros." (Bamberger)

Para Emília Ferreiro a leitura constitui uma destreza e "o elemento chave de uma destreza é o processo de integração de todo o conjunto de condutas que constituem a habilidade total. A integração se aprende mediante a prática. Só é possível praticar a integração quando se exercita a destreza em sua totalidade."

Para a criança ter contato com a escrita e a desenvolva é preciso que se coloque em suas mãos livros de literatura infanto-juvenil, artigo de jornal, gibis, propaganda, cartazes, etc. enfim, uma diversidade de textos e não só o que ela escreve. Assim também dever ser feito com a linguagem visual, de forma que a curiosidade inerente da criança, um ambiente propício para as interações com a linguagem mediadas por pessoas bem capacitadas e que respeitem o seu rítmo, dialoguem com ela e lhe faça questões para garantir-lhe a aprendizagem a que tem direito e necessita.

"ao conceber a escrita como modo de representação somos obrigados a admitir que o simples domínio do sistema não torna o sujeito um escritor competente, porque além disso, é preciso que ele amplie a sua experiência e seus conhecimentos (...) o que escrever, como escrever, para que escrever, a expressão verbal da idéia a ser vinculada, o gênero e a estrutura da escrita, seus destinatários e sua conformação no papel."

PONTO
O ponto é o elemento visual mais simples e básico para se criar artisticamente. Sua forma arredondada atrai muito o olhar, pricipalmente quanto mais próximo estiver um ponto do outro. Desenhado, chama-se ponto gráfico e é bidimensional.
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Quando os pontos são muitos ou estão justapostos observa-se a criação de tons, como no desenho de observação abaixo de um objeto de livre escolha do aluno para sombrear com pontos, uma proposta de Germano Blum em sua aula.

"Objeto Oriental" - Nanquim s/ papel canson - Leíse Paim
Desenho de Observação

No trabalho acima, observa-se que com o uso dos pontos foi possível fazer o sombreado para dar a sensação de claro e escuro, e também
o delineado contornando com pontos a figura.

Já no século XIX, os pintores pontilhistas, neoimpressionistas, em vez de manchas de cor usavam pontos em seus trabalhos, pintavam com cores puras em pequenas pinceladas justapostas entre si com pincéis pequenos e pontiagudos, para dar sensação ótica da realidade. O pintor George Seurat, um dos criadores deste estilo, denominou de Pintura Óptica este tipo de trabalho. Segundo a artista Fayga Ostrower, como os pontos causam um efeito, uma textura, o pointilhismo trata-se mais de uma técnica do que um estilo, e o que é realmente importante na sua estrutura é a volta dos contornos nítidos nas figuras e nos objetos __ o que o Impressionismo aboliu __ além da profundidade espacial, por isso, os artistas deste estilo não se desligaram totalmente da visão impressionista.


Veja em:
http://www.portalartes.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pontilhismo
http://www.vivermentecerebro.com.br/ (Emília Ferreiro - Especial no. 5)
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJjFJ65ySUkOKq243ZLKptNxwnPlsOr8JUFFQi8x71CrQ7pIPCZ7gu72TEn1qRjmc4pOqCXy4bTRRDP-UoRRMXztkRKPIkUkVRl-zIB0vV8Nxbj7Nlw2x5bHdvDDUr3wGRner6IU7sIg0/s1600-h/conjunto+MONCHO+LR.jpg


Atualmente o ponto é utilizado no processo de impressão em fotos e outros meios visuais, por causa da ilusão de tom ou da cor que vários pontos justapostos são capazes de criar.


A seguir um vídeo do Youtube sobre o processo de desenho feito com pontos.
O próximo vídeo mostra as obras de Georges Seurat, o criador do Pontilhismo.

Que tal você fazer agora um desenho só com pontos?



Nota: O trabalho desta postagem não é recente.


O Tema

Qualquer tema pode servir para se fazer um desenho, um trabalho artístico.


"Espelho em Flor" - esboço

Caneta esferográfica preta s/ papel, 10 x 13 cm - Leíse Paim

Desenho de Observação


" O tema é elevado ao status de conteúdo somente pela atitude do artista, pois o conteúdo não se limita a ser o que é apresentado, é também o como está sendo apresentado, em que contexto, com que grau de constância social e individual (...) tudo depende da visão do artista (...)."

O tema é o assunto, mas é sempre um pretexto para um esboço ou para criarmos um trabalho plástico, ou seja, para se tornar um conteúdo expressivo. Ele não determina a forma, o que a determina é a obra, é a estrutura formal da imagem, que depende da interpretação do artista sobre o motivo, síntese das suas vivências subjetivas, de vários e complexos signficados, da sua visão de mundo, da sua humanidade.

"Meus temas se impõem em mim. Eu nunca os escolhi. Se fosse para escolher, jamais escolheria coisas tão díspares de fazer." (Clarice Lispector)

Quando se escolhe um tema, deve-se escolher quais são os aspectos que o tornam interessante para ressaltá-lo, a fim de atrair o olhar do espectador.

Exemplos de temas

natureza morta, figura humana, animal, marinha, paisagem, flor, casario, cena de interior, mitologia, etc.

Esboço


Alguns dos meus desenhos são feitos de forma rápida, observando algo que me chame a atenção em determinado lugar em que eu estou, para exercitar o traço, o gesto, o olho, a mão, a observação, a memória e a imaginação. Para isso uso os materiais que tenho à mão. É o que se chama de esboço.

ESBOÇO
Um esboço pode ser feito de forma rápida, como um rascunho, para expressar graficamente uma idéia sem a preocupação em refinar o desenho. Pode ser feito com poucos traços, traços simples, esquematizados, leves, texturas só sugeridas rapidamente, algumas sombras e luzes, gestos sem muita elaboração, ou as linhas essenciais para num segundo momento ser feito um trabalho. Ele é início de um desenho, de uma composição, etc., portanto poderá depois ser modificado.

Mas há artistas que já colocam nele tudo, e quando fazem o trabalho final têm o cuidado de manter todo os detalhes registrados no esboço. Pode-se utilizar no esboço qualquer material: papel, madeira, lápis, caneta, etc.

Sempre que possível, escolhe-se o melhor ângulo do tema escolhido, a fonte de luz, que para as pessoas destras deve vir do lado esquerdo, observa-se bem as formas e linhas básicas, a forma global, sem a preocupação com os detalhes. Desenha-se, então, o contorno da figura de forma rápida, destacando o ponto de interesse, o ponto de atração, observando os tons e não as cores, simplificando-os no desenho, ou seja,anotando os que contrastam, o mais claro, o médio e o mais escuro, e não os intermediários, através de diferentes tipos de linha rápidas, em diferentes dreções, e espessuras.Com os tons mais claros se obtém a sensaçaõ de distância e, assim, se interpreta graficamente o que é observado.


"Planta no Vaso" - esboço
Caneta esferográfica preta s/ papel, 10 x 13 cm - Leíse Paim
Desenho de Observação


É importante quando se deseja desenhar e pintar , treinar o olhar, educá-lo diariamente, observando atentamente o mundo real, os volumes, a profundidade, a perspectiva e se exercitar fazendo esboços rápidos, à mão livre, de objetos, de elementos naturais, da figura humana, de expressões faciais e gestuais, de cenas, desenvolvendo, assim, a sensibilidade e a expressão artística.

Veja um vídeo sobre esboço, que encontrei no Youtube.



A seguir um outro vídeo do Youtube sobre esboço.



Agora escolha um tema e comece a fazer um esboço dele.


Nota: O trabalho desta postagem não é recente.